quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sean Penn 'ressuscita' ativista homossexual morto em 1978




Dirigido por Gus Van Sant (de Paranoid Park), Milk — A Voz da Igualdade estreia nesta sexta-feira (20) nos cinemas brasileiros retratando os últimos oito anos da vida de Harvey Milk. Você provavelmente não sabe muito (ou nada) sobre ele, mas Harvey Milk foi uma figura importante na história dos Estados Unidos,
na década de 70.
Sean Penn (à esq.), no papel de Harvey Milk (dir.) Ativista e líder na luta pelos direitos dos homossexuais, envolveu-se na política acreditando que essa seria a única forma possível de garantir os direitos dos que eram como ele e de todas as minorias, que amarguravam numa América branca, religiosa e preconceituosa. Elegeu-se para o Quadro de Supervisores de São Francisco em 1977, tornando-se o primeiro gay assumido a ter um importante cargo público nos Estados Unidos. E foi morto no ano seguinte.
Sean Penn é quase um milagre no papel principal, retratando o político com a perfeição de quem não apenas tem talento extraordinário — mas também se dedicou profundamente a um trabalho de estudo e pesquisa do personagem a ser revivido. “Me apaixonei por Harvey, por essa pessoa, pelo espírito desse ser humano, que transcendia meus próprios planos como ator”, revelou Penn. O ator utilizou muito material de arquivo, além de referências dos amigos mais próximos de Milk que participaram ativamente do projeto.
A idéia do filme nasceu em 1984 pelas mãos do roteirista Dustin Lance Black. Naquele ano, ele assistiu ao documentário vencedor do Oscar — The times of Harvey Milk — e achou que era importante recontar a trajetória do ativista gay, que discursava pela esperança de um mundo melhor.
Depois de algum tempo de pesquisa, Black descobriu que muitos dos amigos de Milk ainda estavam vivos. O primeiro deles com quem teve contato foi Cleve Jones (no filme vivido por Emile Hirsch) — que acabou apresentando-o ao resto do grupo e servindo como consultor no set de filmagens. “Chorei todos os dias durante a primeira semana de produção”, conta o amigo de Milk.
A escalação do elenco foi trabalhosa e perfeita. No final do longa, aparecem as imagens das pessoas que verdadeiramente fizeram parte da história do político, e a identificação visual é gigante. Mas além de parecidos com os personagens reais, os atores escolhidos por Van Sant estão entre os melhores da nova geração de atores hollywoodianos.



A começar por James Franco (mais conhecido pelo papel de Harry Osborn na série Homem-Aranha), que já havia demonstrado talento para papeis dramáticos, mas nada tão sensível como agora, em que vive o companheiro de Milk. Além dele e de Hirsch, está em cena também o mexicano Diego Luna, como o perturbado Jack, último namorado do ativista.



Entre os mais experientes, Josh Brolin transpira toda a insegurança necessária para interpretar com maestria Dan White, que trabalhou com Milk como Supervisor de São Francisco; e Victor Garber faz o prefeito Moscone, assassinado junto do protagonista.



Alguns dos amigos de Milk também fizeram participações no longa, alguns como eles próprios e outros como personagens que rodeiam e acompanham o ativista em suas manifestações e discursos — sempre iniciados pelo histórico: “Olá, meu nome é Harvey Milk e estou aqui para recrutá-los”.



O bairro de São Francisco onde o ativista abriu sua loja de fotografia também foi usado nas filmagens — exatamente no número 575 da Rua Castro. A equipe do longa conseguiu permissão dos atuais proprietários do espaço para transformá-lo no que era há 25 anos e reconstituir em todos os detalhes a Castro Camera.



Foram utilizadas ainda imagens de arquivo e recortes de jornais, que dão a dimensão histórica da realidade dos Estados Unidos nos anos 1970 e da importância de Milk nesse contexto. Em uma das cenas mais marcantes, a atual senadora Dianne Feinstein (na época presidente do Quadro de Supervisores de São Francisco e depois prefeita da cidade) anuncia publicamente os assassinatos de Milk e do prefeito, nas escadarias da prefeitura.



Milk — A Voz da Igualdade concorre a oito Oscar no domingo (22). Ele disputa as categorias melhor filme, diretor, ator (briga acirrada entre Sean Penn e Mickey Rourke, ambos premiadíssimos nesta temporada), ator coadjuvante (Josh Brolin), roteiro original, trilha sonora original, figurino e edição.



Da Redação, com informações do G1

Nenhum comentário: