quinta-feira, 12 de março de 2009

Jovens de todo o mundo: Movê-los!



Por Flaviene Vasconcelos*

Há pouco mais de 40 anos, uma "ingênua" manifestação liderada por estudantes de uma universidade francesa se tornaria, tempos depois, um dos maiores movimentos revolucionários que o mundo já presenciou.

Embora a conotação política, que atraiu uma gama de intelectuais, operários, artistas e uma parcela das camadas populares, o Maio de 68, como ficou conhecido posteriormente, alcançou proporções inimagináveis. Ditou moda, comportamento, lançou estilos e se espalhou pelo mundo. De lá pra cá, a vida em sociedade nunca mais foi a mesma. A sexualidade, tabu desde a idade média, se tornaria a linguagem universal da juventude.

"Quero mudança total, uma idéia genial... A ciência e o amor, a favor do futuro..."
(Ana Carolina)
Somos os herdeiros de primeira linhagem dessas mudanças, no entanto, no trajeto de 68 para cá, algo inusitado aconteceu. As relações heterossexuais, de uma considerável parcela dos habitantes do planeta, deram lugar ao amor sem fronteiras. Essa alteração no comportamento é advinda de uma liberdade há muito não experimentada, contudo, temos condições de afirmar que está aquém dos anseios de uma sociedade contemporânea, que clama por respeito e igualdade de oportunidades.

Mundo afora, surgem milhares de movimentos organizados com o objetivo de trabalhar a visibilidade de uma minoria que se mostra e cresce a cada dia. O MOVÊ-LOS - Movimento pela Livre Orientação Sexual nasce desse contexto. Temos a responsabilidade de avançar com os limites impostos para a nossa geração, assim como a juventude de 68 fez em Maio daquele ano. Resta-nos fazer uma releitura de suas conquistas, que se adéque a nova realidade, pois fazendo jus à ousadia, característica marcante da juventude, não nos caberia o papel de telespectadores diante do feito grandioso da geração anterior. Queremos e podemos ir além!

"Vamos precisar de todo mundo, pra banir do mundo a opressão..." (Beto Guedes – O sal da terra)

Infelizmente, discutir a intolerância está na ordem do dia. Há uma parcela da sociedade, alienada por um sistema padronizado de cultura, baseado na relação entre dominado e dominador, que teima em não respeitar a diversidade.

Cerca de 10% da população brasileira é homossexual e a cada 3 (três) meses 1 (um) é assassinado. São cidadãos expostos à agressões físicas e morais todos os dias e em todos os espaços sociais. Como resultado, temos um conjunto diferenciado de conseqüências, todas permanentes, seja o trauma de uma lesão física ou material ou, nas amostras mais violentas, a perda pelo óbito.

"Consideramos justa toda forma de amor." (Lulu Santos)

A sociedade, omissa diante dos inúmeros casos de desrespeito aos direitos humanos, garantidos pela constituição, é tão leviana e responsável quanto ao alienado que comete o crime. Restabelecer o conceito de cidadania sem distinção é um desafio. Homofobia é crime e precisa ser combatida.

Contudo, compreendemos que a amálgama de toda opressão está no padrão capitalista vigente. Acreditamos que a construção de um mundo novo, sem discriminação de qualquer ordem, só será possível em outra sociedade, que garanta direitos e oportunidades iguais para todos. É nesse sentido que o Movê-los também luta pelo socialismo.

*Flaviene Vasconcelos é estudante de Ciências Sociais da UFC e militante da União Brasileira de Mulheres - UBM.

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